O universo conspira a nosso favor.
Mas e quando não queremos algo para nossas vidas e mesmo assim o universo nos entrega essa coisa? Ele está a nosso favor ou indo contra nós?

No fim do ano passado, descobri que estava grávida. Foi um choque.
Tipo, como assim? Passei 10 anos da minha vida me entupindo de anticoncepcional para mesmo assim engravidar? O que aconteceu? O que foi que eu fiz de errado? Onde foi que eu vacilei pra isso acontecer? Um milhão de pensamentos assim passaram pela minha cabeça, todos ruins, devo confessar. Grande parte misturados a sentimentos de raiva e culpa.
Mas o que eu poderia fazer? Quais eram as minhas opções?
Abortar? Nem pensar. Jamais teria coragem, coração e estômago para isso.
Não julgo quem escolhe esse caminho, afinal, cada um sabe da sua vida, seus sentimentos e é dono das próprias escolhas, mas eu, EU, nunquinha escolheria isso pra mim.
E então? Só resta aceitar e parir...

Ser mãe, eu? Logo eu? Que sempre neguei essa função. Que sempre disse que não queria. Que sempre fiz de tudo para não deixar acontecer. Que não estou preparada e tampouco tenho estrutura pra isso?
Sim, eu mesma. Mãe. Era inacreditável, quase que inconcebível para a minha cabeça.
Mas o tempo foi passando e toda a chateação que eu estava sentindo, começou a se misturar com outros sentimentos, com outros pensamentos... e eu fui colocando a cabeça no lugar, sendo mais racional, retomando o controle da minha mente.
Os hormônios na gravidez ficam loucos, você muda de estado mental e sentimental de um minuto para outro, sua cabeça fica uma loucura, você pensa em mil coisas ao mesmo tempo e ainda recebe o quem vem de fora, com muito mais intensidade. As reações das pessoas te afetam, o que elas falam, como elas te olham... tudo, tudo deixa você mentalmente exausta.

Eu sempre ouvi que a mulher já nasce programada pra ser mãe, que já é mãe desde que descobre a gravidez, que existe um glamour que faz desse momento mágico e tudo fica lindo... mas até então, ainda não achei o glamour da gestação que todo mundo fala... tô quase a ponto de parir e apesar dos meus sentimentos hoje, serem diferentes do início da gravidez, eu sentir que tenho sim uma grande ligação com essa pessoinha crescendo dentro de mim, ficar feliz a cada chutinho, ter me acostumado com as mudanças do meu corpo e ter aceitado a situação e abraçado o destino, ainda não me sinto mãe. Mas não me sinto mal com isso, muito pelo contrário, tô vivendo todos os momentos intensamente e aprendendo a cada dia.

Se eu vou ser uma boa mãe? Eu não sei. Mas o que define uma "boa mãe"? Eu também não sei. Mas vou dar o melhor de mim, isso que importa...

Então, para resumir e não encher tanto o saco, sim, estou grávida, cheia de dúvidas, sentimentos loucos e preciso botar isso pra fora.
Volto logo pra contar mais. Me aguardem.

Suh